quinta-feira, 30 de junho de 2011

Reflexões Sobre a Arte-Visão Crítica


BOSI,Alfredo.Reflexões sobre a arte.7.ed.São Paulo:Editora Ática,2003.




Alfredo Bosi tenta definir o que, afinal, é a arte sob a visão da construção, conhecimento e expressão.  Alfredo Bosi não só faz esse livro de uma forma que seus leitores não se percam diante da detalhes que formam a obra de arte, como também fala e pensa sobre as difíceis  questões que envolvem esse tema.O escritor se refere à concepção de arte,com o objetivo de levar o leitor a aproximar-se de um conceito mais completo da arte e do seu ensino,destacando a arte como conhecimento, como construção e como expressão.
Em nossa sociedade,se dermos limites a arte e o seu ensino com a conceituação “Arte é”, limitaremos também seu objetivo na vida das pessoas.  É necessário caminhar para uma análise : o que não é arte, o que pode ser, buscar métodos para pesquisar, para ensinar... E assim levar os educandos, que entrarem em contato com a arte, a vivenciar experiências. “Experiência estética é a experiência que temos frente a um objeto ao senti-lo como belo”. (DUARTE JR, 1986, p.9)
Nós costumamos criar uma oposição entre emoção e razão, subjetividade e objetividade, afetividade e cognição... E assim separamos também arte e ciência. A arte apenas como forma de expressão, de lazer, algo que se propaga, de contemplação, como objeto de contemplação, na escola, como apoio às outras matérias e, a ciência como única capacitada de desenvolver conhecimentos. É necessário pensar sobre estas questões que colocamos como antagônicas,  ver que existe um equilíbrio entre elas e assim superar questões do tipo: Arte te que ser bela, Arte é contagiante, Arte é liberdade de expressão, Arte é interdisciplinaridade, Arte é objeto de contemplação.Debatendo estes conceitos,Bosi busca superá-las e assim ir a uma concepção que considere a Arte como saber cognitivo(via de conhecimento), carregada de qualidades e conteúdos próprios, capazes de trazer de volta a totalidade do ser humano, que graças a sociedade desenfreadamente  capitalista, encontra-se reduzido.Quando pergunta-se a um homem dos nossos dias a respeito da arte,o que seria a arte,ele lembra-se de um quadro da renascença de um pintor famoso e caro.
Para ultrapassar alguns olhares e não correr o risco de diminuir a arte a apenas um aspecto, Alfredo Bosi recorre a um dos maiores pensadores italianos do séc.XX, Luigi Pareyson, que ajuda-nos a pensar sobre a arte como construção, conhecimento e expressão.Tanto os artistas quanto os artesãos tem um processo de produção que envolve uma techné – que para os gregos era um modo exato de perfazer uma tarefa – e também possuem um processo de criação que envolve uma poiesis – conceito de criação –. Em outras palavras: a arte tem tanto um caráter técnico, racional; quanto outro, mais subjetivo, ligado ao prazer estético, de quem faz ou de quem desfruta arte. Com esses termos percebe-se o limite do conceito que acredita na arte apenas como livre expressão.
Um processo criativo de um artista é uma construção em que há dois grandes alicerces: A inspiração artística e o trabalho. Desde antigamente  houve uma dedicação especial  com a técnica. Podemos reparar isso na Renascença italiana, com preocupações da razão vinculadas à perspectiva. Esse caráter permanece até os dias de hoje, como um “abc” ou um manual do processo de ensino da pintura. A arte do século XX torna relativo  essas “leis” estéticas, mas como os sistemas da Renascença permaneceram fortes por muitos anos, ainda estão presentes na fala de muita gente, esses são aqueles que tem uma concepção primitiva de arte “Arte é o belo”
Até onde chegam as especialidades  de aprendizagem e quanso começa a poiesis, ? Pareyson se encarrega de responder, “o fazer do artista é tal que, enquanto opera, inventa o que deve fazer e o modo de fazê-lo”.(BOSI, 2003, p.16)
Bosi também apresenta a arte como saber cognitivo. E mais, ars, expressão latina, matriz do português arte, é presente na origem da expressão articular, que constitui a obra de fazer articulações entre as partes e o todo.
A ligação de arte com o saber e a realidade foi, muitas vezes,relacionada com a ação representativa. Platão e Aristóteles começam essas observações teóricas e introduzem a concepção de mímesis. Porém as atuais resoluções conceituais  rejeitam à arte o caráter genuinamente representativo , logo a atividade mimética da arte não pode se reconhecida como una; cada entrecho histórico possui uma construção diferenciada de trazer saber cognitivo para a obra artística.O notar do artista é um ver pretensioso ao refletir; um notar que considera os contornos e cores  naturais e as refaz com uma inovação inteligente do real. Assim, o ver-pensar é um acertar, um pensar, um modificar os elementos da experiência sentimentalista, pensamento bem intenso na citação de BOSI: “Arte: percepção aguda das estruturas, mas que não dispensa o calor das sensações”. (BOSI, 2003, p.41)
Você deve ficar se interrogando: Arte é expressão?! Mas a imagem da arte como acessível expressão não voltou desconstruída quando se pensava em construção e ciência?Neste acontecimento uma única expressão desvia muito, já estamos referindo-nos a expressão, antes me referi a livre expressão. Será que apresento claramente o termo expressão? O que constitui, em geral, “expressão”?  Partiremos  para BOSI clarear esta idéia:
A idéia de expressão está intimamente ligada a um nexo que se pressupõe existir entre uma fonte de energia e um signo que a veicula ou a encerra. Uma força que se exprime e uma forma que a exprime. (BOSI, 2003, p.50)
Existe  um ânimo e uma configuração envolvida na expressão e depende do seu nível de mediação para a expressão ser do tipo emocional, simbólica ou alegórica.Utilizarei uma citação que o autor coloca no livro para deixar claro
Um grito de dor pela morte de um ser amado e uma oração fúnebre recitada em sua memória não são formas expressivas da mesma qualidade. Ambos, o grito e a oração, compõem-se de signos; ambos remetem a uma gênese psíquica, o luto experimentado por quem os proferiu. Mas diferem visivelmente quanto ao grau de mediação que intercorre entre a fonte e a forma. (BOSI, 2003, p.51)
Deste modo, o saber artístico não deve ser analisado como um mediano para diversas áreas do saber, ele não deve ser usado com o objetivo de delinear as tarefas de português, geografia, história ou mesmo cultivar costumes de purificação, ordem, atenção, meditação e ser usual como um aparelho para relaxar. O conhecimento da arte carece ser aceito como uma conclusão em si mesmo, como uma ciência impregnada de especificidades, com finalidade e fundos adequados e que, se baseado em um conceito estético, que vai além da própria área escolar, que abrange beleza, símbolo e distinção de linguagens, pode ser avaliado como um feitio de sensibilidade para além da educação de artes.
Arte como conhecimento, como a mais admirável centralização de completos  processos biológicos e igualitários de uma pessoa  na sociedade, como um mediano de equilíbrio ao homem com o mundo nos tempos mais difíceis e responsáveis da vida.Como agente de modificação do indivíduo e por conseguinte da sociedade.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Reflexões Sobre a Arte-Alfredo Bosi


Resumo
O que se entende por arte

A arte é assiduidamente vista como uma atividade do ser humano na procura de se conectar com o mundo e consigo mesmo. Luigi Pareyson , que foi um dos maiores filósofos do séc.XX , considera a existência de três vias para a reflexão da estética: o fazer , o conhecer e o exprimir.

A Arte é construção

A Arte é um construir no qual o homem converte a matéria dada pela natureza e pela cultura. Enquanto produção supõe trabalho intelectuativo e manual que aponta uma idéia estética (beleza , perfeição e harmonia). Esta idéia foi por vezes vinculado á insistência de uma técnica.Desde os tempos remotos formou-se uma tradição modelo.Os presentes estudos, quebram o paradigma normativista e procuram analisar as obras artísticas,já que a liberdade artística faz com que surjam normas pertencentes é obra na qual se analise.
A técnica é indispensável ao artista, mas este deve ter uma força criativa.A lógica entre naturalidade e ensinamento é condição necessária ao valor artístico. O estilo próprio de um autor é o efeito de uma técnica apreendia em sua constituição como artista e das idéias próprias de uma época que o formam.Por tanto a liberdade inventiva supõe um conhecimento  antecipado. 
A Arte possui uma recordação representativa. É a concepção de arte como mimeses (grego mímesis, - eos,imitação). A ligação de arte com o saber e a realidade foi, muitas vezes,relacionada com a ação representativa. Platão e Aristóteles começam essas observações teóricas e introduzem a concepção de mímesis. Porém as atuais resoluções conceituais  rejeitam à arte o caráter genuinamente representativo , logo a atividade mimética da arte não pode se reconhecida como una; cada entrecho histórico possui uma construção diferenciada de trazer saber cognitivo para a obra artística. A propensão do homem a abstração e estilização é tão forte quanto suas necessidades de idéias e técnicas de realismo figurativo. A obra de arte é feita através da “imaginação construtiva”(termo de Coleriedge), ou seja, o artista , em sua realização age no plano do conhecimento do mundo.Porém,além de ver e pensar,o artista deve sentir.A arte passa pela perceptividade de construção,mas não escusa a reflexão e o calor das sensações.
O criador de uma época é regido em suas formas de criar pelo contexto histórico social em que vive,por isso a arte é conhecimento.Através dela se re-apresenta a existência de uma forma pensada,refletida e inovadora.

A arte é expressão

A manifestação de um trabalho artístico acontece da relação de um signo(conjunto destes presentes na obra) e uma origem de energia na qual ele propaga.Tal relação pode ser uma efusão emocional,uma relação simbólica ou alegórica.Na manifestação,o sentimento interior está perto ao que foi “externalizado”.No simbolismo e na alegoria haverá um afastamento desses sentidos em diversos graus e a precisão de compreensão surge justamente desse afastamento entre o fato simbólico e alegórico e as suas causas emotivas.A expressão artística e seu significado formam-se em um trabalho de diferentes atrações e os graus de clareza dessas relações são diversos.
A expressão é justamente a materialização do pathos(paixão)do artista.É a movimentação entre os agentes na obra de arte,já que a energia segue formas que a liberem.Porém é de valor que o artista procure mudanças da forma,pois se deve buscar uma movimentação das formações artísticas em face da sua causa ideológica e afetiva.A lógica da força interna e manifestação permite a criação artística que não é somente uma reprodução ideológica social.Reproduz o phatos do artista e a relação deste com o mundo na sua procura de expressão.

Construir,Conhecer e Exprimir

No seguir histórico das criações artísticas,alcançou-se hoje a um consentimento de que se deve procurar o máximo de realidade interior e o máximo de pesquisa precisa.Tal tensão,garante às criações artísticas saber cognitivo, atividade e delicadeza.O novo e o velho andam em uma lógica constante no feito artístico.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

How He Loves Us


O amor de Deus nos constrange!O amor de Deus nos deixa limpos de todo o mal.O amor divino nos torna um só.Deus é infinito e mesmo assim consegue se repartir para cada um de seus filhos.Como pode um Deus infinito se dar inteiramente de uma forma individual para cada um de nós?Nada pode explicar tamanho amor.Deus poderia ter feito tudo sozinho, mas Ele prefere contar conosco.Porquê?Porque Ele ama a nossa presença,assim como eu amo a presença Dele em mim.Não há razão que explique tanto.Nunca existirá.É perca de tempo procurar respostas que só se explicam por fé e graça.Busque esse Deus enquanto podes encontrá-lo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Gostei-me

Olhava-me fitamente no espelho.Meus olhos denunciavam minha paixão e falta de modéstia por mim mesma.Além disso,dizia o que pareço ser.Mais do que isso,o que pareço não ser.Dizem que os olhos são espelhos da alma.Discordo.Os olhos são o que queremos ser,ele não demonstra ao exato a nossa alma.Ao olhar-me com mais atenção  no espelho percebi minha pele sendo vencida pela gravidade e os meus olhos marcados de tristeza.Gostei-me.Nesse momento li minha história em um piscar de olhos.A minha história torna-me encantadora,não minha pele.Percebo que sou mais do que um reflexo.Esse é o começo.
Anos depois vejo-me novamente com os mesmos olhos,mas diferente.Os traços de meu rosto continuam os mesmos,mas o tempo leva consigo minha vitalidade.Sinto-me mais bonita assim.Gostei-me.A minha falta de modéstia anterior,mostrava-me como não havia o que se contar sobre mim.Por isso, o superficial era o atraente.Não havia nada mais profundo do que isso.Ao olhar-me depois de anos,vejo os sinais de sabedoria,tristeza,alegrias,vida.Gostei-me.Passei por minha vida e gostei-me.

...

Todos somos inconformados.Se fossemos conformados,não procuraríamos doutrinas ou até mesmo respostas da existência.Aí, a mesmice torna-se a crença de que tudo é ultrapassado e inútil.Não podemos comparar escolhas.Esta guerra,forma uma massificação da intolerância.Logo,intolerância é mesmice.A dificuldade reside em tolerar escolhas que diferem da sua.Não tolerar,é característica de uma sociedade contemporânea ultrapassada.

sábado, 4 de junho de 2011

Nossa felicidade livre!

- Ela é tão livre que um dia será presa.
- Presa por quê?
- Por excesso de liberdade.
- Mas essa liberdade é inocente?
- É. Até mesmo ingênua.
- Então por que a prisão?
- Porque a liberdade ofende.

Clarice Lispector








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 A bailar que se acaba el mundo

(...) matéria extinta e persistente
       bailarás ao sol poente

       um ritmo na hora da ida
       assim se distrai a vida

       que segue por causa do pulso
       as curvas agudas de um curso

       estranho, hostil, sem sentido
       e tão tardio quanto infinito (...)

                                                       Marcos Visnadi